Respirar Futebol

Respirar Futebol

Adeus fenómeno

12 de Outubro de 1996. 7ª jornada da liga espanhola. Compostela – Barcelona. Minuto 36. Lembro-me como se tivesse sido há poucos dias. Ronaldo recebe a bola ainda no meio campo defensivo, sofre falta, aguenta a carga e parte para uma cavalgada que só termina com a bola dentro da baliza. Pelo meio, num misto de velocidade, técnica e potência física, foi deixando vários adversários para trás. Um a um, com a baliza adversária como único objectivo. Bobby Robson, no banco, nem queria acreditar. Pôs as mãos na cabeça e ficou incrédulo com o que acabara de ver. Tal como eu, aliás, e seguramente, como todos os que gostam de futebol. Não sei se foi por este momento que passou a ser conhecido como “O Fenómeno”. Sei que, apesar de ter estado um pouco alheado da sua carreira nos últimos anos, hoje fiquei comovido, com um sentimento de perda, ao ver a despedida de um dos jogadores mais entusiasmantes desde que me lembro de futebol.

Desde esse eterno golo, há mais de 14 anos, muito mudou na vida e carreira de Ronaldo. A técnica manteve-se, mas a entrada no futebol italiano acabou por revelar-se nefasta. Em cinco anos no Inter, nunca cumpriu um período consistente de golos e qualidade de jogo. Muito por culpa das lesões, é certo. Mas também por causa do exigente futebol italiano, com violentas entradas sobre os jogadores mais técnicos, e com a quase obrigação de se tornar um jogador mais robusto fisicamente. Ganhou massa muscular mas perdeu o que tinha de melhor: a capacidade de explosão. Foi necessário regressar a Espanha, então já muito mais pesado (e lento) do que quando saíra, para voltar a mostrar um pouco do anterior Ronaldo. No entanto, nem Real Madrid, nem AC Milan (depois) voltaram a ter aquele jogador leve, explosivo e repentista, que arrancava do meio campo, qual furacão, até ao golo. Foi um Ronaldo menos explosivo e mais posicional, mais experiente, igualmente forte nas bolas paradas mas, ainda assim, com instinto apurado para a baliza.

As lesões graves, as operações, o metabolismo e provavelmente, alguma falta de cuidado com a vida extra-futebol, acabaram por ofuscar um pouco a carreira de um jogador que ficará na história da modalidade, nem que seja pelos momentos que deixou, incluindo o tal golo pelo Barcelona. Dois mundiais conquistados (na verdade, só num participou verdadeiramente) e três vezes considerado o melhor jogador do Mundo são apenas a materialização de momentos que vão ficar eternizados. Hoje, sinto que o futebol ficou mais pobre com o abandono de Ronaldo.

Fevereiro 15, 2011 Posted by | Uncategorized | Deixe um comentário

Ronaldo vs Messi

De um lado, Ronaldo. 26 anos, português, destro, também conhecido por CR7 ou CR9. 80 jogos pela selecção, campeão em Inglaterra, galardoado como melhor do Mundo em 2008 e a transferência mais elevada de sempre.

Do outro, Messi. 23 anos, canhoto, também conhecido como Pulga ou Leo. 53 jogos pela selecção, tetra campeão em Espanha, melhor do Mundo em 2009 e 2010. Só conheceu o Barcelona como profissional.

Qual dos dois o melhor? É a eterna questão, cuja resposta depende do estilo que mais apreciemos. Talvez Ronaldo seja mais completo. Talvez Messi seja mais desequilibrador. Um fura em força e potência. Outro ultrapassa adversários com leveza. Igualmente eficazes. Ambos são explosivos. Ambos são muito tecnicistas. Ambos carregam as respectivas equipas às costas. De um momento para o outro, resolvem jogos. Messi mais em jeito, com a bola controlada, passos pequenos, aparentemente desengonçado. Ronaldo de passada mais larga, em jeito e força explosiva. Ambos eficazes. Um aparentemente desinteressado do mediatismo. Dá até a sensação de que tudo aquilo não é consigo e quase pede desculpa aos adversários por envergonhá-los, tal a forma simples como os elimina. O outro é a encarnação do mediatismo fora dos relvados. Mas lá dentro, ironicamente, é tão ou mais profissional que todos os outros. Ambos nasceram com um dom e dele têm extraído o máximo rendimento. Respiram futebol e continuam a parecer crianças cuja diversão só existe com uma bola por perto. Lá dentro, são tão diferentes e afinal… tão iguais!

Perguntar a alguém se gosta mais de Messi ou de Ronaldo é quase como perguntar a um filho se gosta mais da mãe ou do pai. É quase  impossível escolher. São os dois muito especiais, cada um à sua maneira.

Fevereiro 9, 2011 Posted by | Uncategorized | 1 Comentário